Mazda6 MZR-CD 2.2 Sport – Um caso sério!

mazda6_exterior_openOs tempos em que a Mazda vivia da excentricidade do motor rotativo e de modelos ora cinzentos, ora extraterrestres, acabaram há muito e agora com a filosofia “zoom-zoom” qualquer Mazda pode ser um desafio para a concorrência. Este Mazda6 é um desses casos. Um caso sério de competência!

Agora liberta da Ford, a Mazda começa a voar sozinha e depois de ter feito a ultrapassagem à marca da oval azul em termos de estilo, chegou agora a vez da parte técnica. O Mazda6, recentemente renovado – com um estilo feliz, diga-se – recebe agora o bloco turbodiesel de 2.2 litros integralmente desenhado e construído pela marca japonesa.

Contas feitas, são 185 CV extraídos de um bloco de quatro cilindros com 2,2 litros de cilindrada. Existem duas outras versões deste motor (125 e 163 CV) mas nenhuma delas é vendida em Portugal. Quanto ao binário, são 400 Nm entre as 1800 e as 3000 rpm, entregues de forma constante. Poderá parecer que o valor de binário elevado é entregue demasiado tarde, porém isso não é verdade pois às 1000 rpm já temos mais de 250 Nm, crescendo rapidamente para os 400 Nm, 800 rpm depois.

Todos estes valores são alcançados com a ajuda de uma injecção com 10 furos por injector e uma pressão de sobrealimentação que chega aos 2000 bar. Toda esta tecnologia permite um forte resposta ao acelerador e uma condução relaxada pois não há fossos na aceleração e a caixa de seis velocidades está muito bem escalonada. A linearidade de utilização impressiona e cumprir uma auto-estrada como Lisboa-Porto (e o inverso…) é um regalo pois o Mazda6 2.2 nunca se engasga nem perde velocidade de forma ostensiva à chegada das subidas.

Outra excelente característica reside no baixo ruído, sendo que no interior é perfeitamente abafado pela óptima insonorização, o que é garante de conforto acústico.

É verdade que olhando para os que os construtores europeus fazem, este bloco 2.2 litros ainda não é capaz de os sobrepujar, mas em termos de agradabilidade garantimos que muitos alemães terão dificuldades em igualar o Mazda6 2.2. A dificuldade fica-se mais no capítulo das prestações, onde os 218 km/h e os 9,0 segundos medidos na aceleração 0-100 km/h ficam um bocadinho aquém dos melhores. No resto, nada disso é verdade…

Outra boa característica deste motor reside no consumo. Se quiser ser obediente e cumprir com as técnicas simples de condução económica, somos capazes de fazer médias inferiores aos 5 litros de gasóleo por cada 100 quilómetros. Mas também é fácil chegar aos dois dígitos se andarmos como se não houvesse amanhã. Porém, como sempre sucede, no meio está a virtude e, contas feitas, conseguimos uma média total de 7 litros, um valor muito razoável para uma utilização despreocupada.

Estilo e interior de bom gosto

Quanto ao Mazda6 em si mesmo, gostámos do estilo da recente alteração realizada e no interior, não fosse alguma falta de coerência no arranjo de todos os comandos – espalhados a esmo alguns deles sem justificação aparente para estarem onde estão – o Mazda6 teria nota superior.

Até porque a qualidade de construção é muito boa e os materiais utilizados não chocam ninguém, antes pelo contrário. A posição de condução é muito boa e existe espaço interior suficiente para cinco pessoas. Não vão muito à larga, mas ainda assim têm espaço suficiente, aplicando-se o mesmo adjectivo ao espaço para arrumar as pernas.

Já arrumar as bagagens é mais fácil, pois nesta versão de cinco portas, o Mazda6 adiciona versatilidade e facilidade de acesso e 519 litros de capacidade.

Recordando que o Mazda6 é um carro familiar, custa-nos um bocadinho a entender como a filosofia “Zoom-Zoom” foi levada tão longe. É que depois de cumprir alguns quilómetros ficámos impressionados com a quase ausência de rolamento de carroçaria. Espectacular!

Além disso, a direcção é precisa, directa e comunicativa e o controlo de estabilidade está lá mesmo só para ajudar, pois só entra em acção depois de já estarmos um nadinha preocupados com alguns excessos.

O pior de tudo isto – na óptica de quem viaja ao nosso lado e, sobretudo, nos que vão no banco traseiro – é a dureza da suspensão. Adicionando-se as jantes de 18 polegadas, temos aqui um “cocktail” desportivo que em estradas esburacadas ou com bossas se torna algo desconfortável. A Mazda assume que o 6 é uma berlina desportiva e por isso este ligeiro exagero que poderá não ser aceite da melhor forma. Porém, fique com a certeza que curvar é mesmo com o Mazda6.

Falta o preço, dirá o nosso leitor. Bom, o modelo base fica-se pelos 38.950 euros, mais 3 mil euros que a versão com bloco de 2.0 litros. Esses 3 mil euros pagam mais 45 CV e muito maior á vontade em estrada e, por nós, estão perfeitamente justificados. Não se distraia é com os opcionais, pois o modelo ensaiado ficava na fronteira dos 40 mil euros. Ainda assim, valem a pena.

Características técnicas

Motor – 4 cil. 16V; 2184 c.c.; “common rail” c/turbo; Potência (CV/rpm) – 185/3500; Binário (Nm/rpm) – 400/1800-3000; Transmissão – Dianteira, caixa manual 6 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Independente, multibraços; Travões (fr./tr.) – Discos vent./Discos; Comp./Larg./Alt. (mm) – 4755/1795/1440; Dist. entre eixos (mm) – 2630; Capacidade da mala (lt) – 519; Peso (kg) – 1455; Velocidade Máxima (km/h) – 218; Acel. 0-100 km/h (s) – 8,3; Consumo médio (l/100 km) – 5,6; Emissões CO2 (gr/km) – 149 (Categoria C); Preço – 38.950 Euros