Cortadas as amarras com a Ford, quer parecer que a Mazda está cada vez melhor e este Mazda3 é um reflexo disso mesmo: aproveitando o melhor que o gigante da oval azul deixou ficar, o construtor japonês seguiu o seu próprio caminho e com emancipação total criou um automóvel que nos deixa surpresos e que é dos melhores deste segmento.
A filosofia ZoomZoom da Mazda poderia parecer, numa primeira análise, de uma arrogância e pretensiosismo enorme. Com o passar do tempo, esta orientação para modelos com aparência desportiva, estilo arrojado mas ao gosto europeu, preocupação com o peso e cuidados ecológicos, parece estar a dar frutos. E depois do Mazda6 – já ensaiado no CAR BLOG – que nos deixou surpreendidos, o Mazda3 rasgou-nos um sorriso de orelha a orelha. Que belo automóvel!
Estilo musculado
Certamente já viram fotos e ao vivo a versão de cinco portas, aquela que todos os construtores têm na tabela de vendas como a primeira classificada. Agora, olhem bem para as fotos e digam lá se não concordam comigo: a versão Sedan é mais equilibrada e agressiva que o hatchback de 5 portas. É, ou não é?
Assente em truques já conhecidos de outros modelos, o estilo do Mazda3 CS define-se em três linhas: grelha dianteira enorme com um sorriso de boas vindas, cavas das rodas dianteiras bem vincadas e musculadas, linha de cintura elevada e uma traseira curta mas poderosa. Completam o quadro jantes de liga leve de desenho equilibrado que preenchem o espaço dentro das cavas das rodas.
No interior, a mensagem é a mesma, ou seja, ambiente desportivo com ênfase no condutor. Olhando para as fotos, vemos um painel de instrumentos radical e um tablier que, sem ter um grande rasgo de criatividade, acaba por funcionar bem. Menos bom é o posicionamento de alguns botões, um pouco espalhados.
Quanto à qualidade, referir que no exterior pouco ou nada a dizer, no interior pena os plásticos algo rijos colocados ao longo da consola central e na parte inferior do tablier. No topo, encontramos um material macio que é agradável ao tacto e ao olhar e que destoa claramente dos restantes.
Neste capítulo, duas palavras para o espaço e para o equipamento. O Mazda3 não será, certamente, o carro mais espaçoso do segmento (longe disso) mas consegue acomodar quatro pessoas sem grandes constrangimentos. O quinto elemento irá sofrer um bocadinho mais e se quem se sentar à frente for grande, será mais complicado arrumar as pernas. No que toca à dotação de equipamento, a Mazda foi generosa pois ABS, EBD e ESP são de série, jantes de liga leve, ar condicionado, rádio com leitor de CD’s e MP3, espelhos eléctricos e rebatíveis e mais alguns mimos que ajudam a justificar o preço final ligeiramente superior aos 25 mil euros.
Forte dinâmica
Com a posição de condução ideal facilmente encontrada – regulação de volante e banco ajudam e a colocação da alavanca da caixa de velocidades também – ligamos o motor turbodiesel de 1.6 litros e 109 CV, já muito conhecido do grupo PSA e da Ford. Primeira constatação: a insonorização não está muito bem controlada, pois o ruído do motor chega ao interior e em auto-estrada acaba por incomodar.
Depois de colocado em marcha, o Mazda3 revela-se um bom rolador embora se tem pretensões desportivas tenham de escolher o Mazda3 2.2 ou então esperar pelo MPS. O motor é suficiente para uma utilização quotidiana sem grandes pensamentos em prestações de cortar a respiração, apesar de reconhecermos que ainda é possível fazer algumas brincadeiras com este Mazda3.
Se o motor não permite grandes veleidades, já o comportamento em estrada é dos mais apurados, exibindo uma agilidade inesperada e capacidade para enfrentar traçados sinuosos com facilidade. Claramente capaz de suportar mais motor e mais andamento.
Outro ponto muito positivo reside nos consumos. Sem exagerar na economia, nem abusar do motor nos limites, é perfeitamente possível fazer médias de 6 litros por cada 100 quilómetros. No nosso caso, nos quilómetros efectuados em cidade, estrada e auto-estrada (com predominância do tráfego citadino) a média ficou nos 6,9 litros.
Perante tudo isto, fica evidente que o Mazda 3 não é um carro perfeito e que algumas das suas dificuldades podem levá-lo a pensar duas vezes na altura de comprar. Porém, os seus argumentos em termos de estilo, economia, comportamento e sedução, acabam por se impor ao menor espaço atrás, á fraca insonorização e alguma falta de qualidade em alguns materiais.
Características técnicas
Motor – 4 cil. 16V; 1560 c.c.; “common rail” c/turbo; Potência (CV/rpm) – 109/4000; Binário (Nm/rpm) – 240/1750; Transmissão – Dianteira, caixa manual 5 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Independente, multibraços; Travões (fr./tr.) – Discos vent./Discos; Comp./Larg./Alt. (mm) – 4580/1755/1470; Dist. entre eixos (mm) – 2640; Capacidade da mala (lt) – 430; Peso (kg) – 1260; Velocidade Máxima (km/h) – 187; Acel. 0-100 km/h (s) – 11,0; Consumo médio (l/100 km) – 4,5; Emissões CO2 (gr/km) – 119 (Categoria B); Preço – 25.153 Euros
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