Mitsubishi Lancer Sportback 1.5L – Sensatez a bom preço

Poderá parecer insensato tentar vender um carro a gasolina num pais onde todos querem andar a gasóleo, mas se fizer bem as contas verá que propostas como este Lancer 1.5 são muito mais sensatas…

O Mitsubishi Lancer é um carro que melhorou muito nesta última encarnação, não apenas em termos de estilo, mas também no que concerne o comportamento e a agradabilidade de utilização. O CAR BLOG já ensaiou a versão mais radical – o Lancer Evolution X – o lancer equipado com o motor 1.8 litros a gasolina e mais recentemente o Lancer 2.0 DiD já nesta versão hatchback que é muito mais apropriada ao mercado nacional. Chegou agora a ver do modelo de acesso á gama e que se todos pensassem racionalmente, seria um sucesso de vendas: o Lancer 1.5L a gasolina.

Senão façamos contas: um Lancer 1.8 a gasolina custa 24.725 euros, o Lancer 1.5L fica-se pelos 20.650 euros. Se olharmos para o Lancer 2.0 DiD a coisa é ainda mais complicada: diferença de 10.675 euros (31.325 euros para o carro a gasóleo). Estará já a dizer: mas que raio tem uma coisa a ver com a outra? Pode não parecer, mas então façamos contas de outra forma.

O Lancer a gasolina com o motor 1.5 litros gasta uma média de 7,6 litros de gasolina – média por nós aferida, pois a média homologada pela Mitsubishi é de 6,3 litros – já o turbodiesel fica-se pelos 6,9 litros (com a Mitsubishi a reclamar um consumo de 6,2 litros). Já sabemos que está a pensar “este é doido! E então o preço da gasolina mais cara que o gasóleo?”

A primeira coisa que deve fazer é olhar para o Lancer e perceber o sentido desta oferta. Quer um carro que seja desportivo? Esqueça! Quer um carro que dê nas vistas? Esqueça! Quer um carro familiar que consegue ter um bom ritmo e levar-nos de A para B sem grandes problemas? Então deve ler o que se segue.

Surpresa agradável

Além do preço muito competitivo – ao qual deve acrescentar mais 243 euros da pintura metalizada, mas isso é quase automático pedir… – o Mitsubishi Lancer 1.5L mostra-se espaçoso o suficiente para 4 pessoas, seguindo o quinto um pouco mais acanhado, mas sem dificuldade de monta. O equipamento é correcto para este tipo de veículo pois além da pintura metalizada ficam a faltar apenas os sensores de estacionamento (289 euros). De resto, terá direito a ar condicionado, espelhos eléctricos, fecho central de portas com comando, seis airbags, controlo de estabilidade, faróis de nevoeiro, rádio, jantes de liga leve e sensores de chuva e luz. Acha mal? Olhe que não!

É evidente que este Lancer enferma dos mesmos problemas dos outros Lancer que o CAR BLOG já ensaiou: apesar da excelente qualidade de construção, os materiais não acompanham e em alguns locais são de qualidade inferior, o computador de bordo continua a ser comandado por botão localizado no tablier e não no volante, este não possui regulação em profundidade e o desenho do tablier não possui nenhum rasgo de originalidade (embora isso não seja um ponto negativo… gostos não se discutem).

Porém, em utilização, o Lancer revela-se pragmático com um excelente comportamento que os 109 CV do motor não colocam minimamente em questão (até porque há a vantagem do Lancer ter suspensão multibraços atrás). O conforto é aceitável e apenas criticamos a insonorização menos conseguida. Problema que adquire maior dimensão porque o motor exige que se eleve as rotações para patamares onde o ruído é algo elevado.

Contas feitas, o Mitsubishi Lancer 1.5L é uma excelente proposta que deve ser encarada de forma séria pois um carro bem equipado com um motor razoável e um preço de 21 mil euros é uma boa oferta.

Características técnicas

Motor – 4 cil. 16V; 1499 c.c.; injecção multiponto Miev; Potência (CV/rpm) – 109/6000; Binário (Nm/rpm) – 143/4000; Transmissão – Dianteira, caixa manual 5 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Independente, multibraços; Travões (fr./tr.) – Discos vent./Discos; Comp./Larg./Alt. (mm) – 4585/1760/1515; Dist. entre eixos (mm) – 2635; Capacidade da mala (lt) – 344; Peso (kg) – 1290; Velocidade Máxima (km/h) – 181; Acel. 0-100 km/h (s) – 12,0; Consumo médio (l/100 km) – 6,3; Emissões CO2 (gr/km) – 147 (Categoria D); Preço – 20.650 Euros

Mitsubishi Lancer Sportback 2.0 DiD – Versátil e dinâmico

Mais ao gosto dos europeus e mais versátil, a carroçaria de cinco portas chegou ao Lancer não beliscando muito o equilíbrio das linhas dominadas pela frente “jet fighter”, conferindo mesmo um ar ligeiramente mais desportivo, mantendo grande dinamismo.

Se no passado se poderia criticar as opções de estilo da Mitsubishi, especialmente no que ao Lancer dizia respeito, a nova linguagem de estilo mostra-se mais consensual, nomeadamente a frente “Jet Fighter” com a sua enorme entrada de ar e os faróis estreitos. Depois da versão de três volumes que viveu muito à conta da versão Evolution, eis que a variante de cinco portas, mais versátil e mais ao gosto dos europeus. A forma não é tão elegante como a berlina, mas não desvirtua o conceito. Ganha em versatilidade.

No interior, o Lancer sofre do mal de muitos modelos japoneses, ou seja, grande qualidade de construção mas materiais de menor valia e uma estilo que não entusiasma. Mesmo assim, melhor que em outras eras… Espaço é suficiente para quatro adultos, viajando o 5º elemento um pouco mais acanhado.

A bagageira tem uma capacidade mediana, não indo além dos 344 litros que podem chegar aos 1394 litros com o rebatimento do banco traseiro. A presença do subwoofer do sistema de som Rockfort Fosgate reduz um bocadinho a capacidade mas não prejudica a arrumação.

Motor rebelde

A utilização do bloco VW de 2.0 litros ainda com injector bomba, confere ao Lancer um carácter rebelde. Não sendo especialmente forte nos baixos regimes, o bloco alemão sobre de rotação a partir das 1800 rpm de forma impressionante, esgotando-se e igual forma. Parece mais rápido do quem realmente é, mas ainda assim é capaz de levar os quase 1500 quilogramas do Lancer para lá dos 200 km/h e chegar aos 100 km/h em menos de 10 segundos. Já as recuperações, devido à tal falta de vivacidade a baixa rotação, são menos fulgurantes e obrigam-nos a recorrer demasiado à caixa e velocidades, bem escalonada.

A direcção não sendo um primor de precisão, pelo menos permite que consigamos colocar o Mitsubishi na trajectória escolhida. A travagem não é um dos pontos mais fortes deste Lancer que alonga as distâncias de travagem, principalmente quando a temperatura dos discos sobe em flecha.

Comportamento seguro

O chassis do Lancer é muito bom e com suspensões independentes multibraços atrás, o comportamento é muito bom. Sendo um elemento opcional, a suspensão desportiva reafirma o carácter desportivo deste Mitsubishi, sendo auxiliada pelos pneus Yokohama largos montados em jantes de 18 polegadas.

A única contrariedade é o conforto menor no mau piso e alguma dificuldade em gerir a torrente de binário que chega às rodas dianteiras quando em curva o motor passa das 2000 rpm.

A posição de condução é fácil de encontrar, mas seria tudo melhor se o volante regulasse em profundidade, facto que não sucede e causa alguma estranheza num carro do século 21. Vale o facto de estar bem posicionado e todos os comandos estarem à mão. Excepção feita ao computador de bordo cujo botão para passar pelas várias páginas está ao lado dos instrumentos e obrigando-nos a mexer do banco para o fazer. Custava muito ter um comando no volante?!

O preço base do Lancer 2.0 DiD fica abaixo dos 30 mil euros, mas esta versão ensaiada estava equipada com algum equipamento que leva o preço final para lá dos 30 mil euros. Mas asseguramos que vale a pena, pois por pouco mais de 3500 euros fica com a suspensão desportiva, o sistema de som Rockfort Fosgate de enorme qualidade e muitos outros equipamentos interessantes.

Características técnicas

Motor – 4 cil. 16V; 1968 c.c.; “common rail” c/turbo de geometria variável; Potência (CV/rpm) – 140/4000; Binário (Nm/rpm) – 310/1750; Transmissão – Dianteira, caixa manual 6 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Independente, multibraços; Travões (fr./tr.) – Discos vent./Discos; Comp./Larg./Alt. (mm) – 4570/1760/1490; Dist. entre eixos (mm) – 2635; Capacidade da mala (lt) – 344/1394; Peso (kg) – 1465; Velocidade Máxima (km/h) – 204; Acel. 0-100 km/h (s) – 9,6; Consumo médio (l/100 km) – 5,9; Emissões CO2 (gr/km) – 163 (Categoria D); Preço – 33.345 Euros

Mitsubishi Colt 1.3 ClearTec – Mais potência rima com menos consumo?

IMG_0687Esta questão tem tudo a ver com este Colt Clear Tec: tem mais 20 CV que o 1.1 litros, é mais rápido mas diz a Mitsubishi que gasta e polui menos. Será verdade?

O Colt conheceu há pouco tempo uma renovação ligeira que se limitou a fazer um “upgrade” à parte dianteira e aos farolins traseiros. Devido às condicionantes do ambiente macroeconómico mundial, o Colt também já recebeu uma versão milagrosa, equipada com “stop&start” e todos os recursos já conhecidos destas versões “verdes”.

Pormenor interessante é que a gama Colt deixou de ter a opção diesel, pois segundo a marca quem procura um automóvel deste calibre não está desesperado por ter uma motorização diesel mais cara e dispendiosa na manutenção.

Receita conhecida

A Mitsubishi deitou mão daquilo que todos os outros já fazem. Ou seja, engendrou um sistema “stop&start” daqueles que fazem o motor desligar-se quando paramos num semáforo ou no trânsito e desengatamos o carro e tiramos o pé da embraiagem.

Depois, rebaixou o carro – o que é uma coisa gira, pois passamos a ter carros com rodas pequeninas e todos rebaixados… – colocou-lhe pneus de baixo atrito, deu uns retoques na aerodinâmica e… voilá! temos um Colt amigo do ambiente e poupadinho. Na teoria e se usarmos muito o Colt em cidade, o sistema “Stop&Start” funcionará em pleno, mas caso contrário tudo será diferente. Aliás, convirá dizer que por vezes o sistema amua e não liga o motor. Outras não o desliga. Feitios!

Lá dentro, a única diferença está no botão que permite desligar o sistema “stop&start” e os avisadores do mesmo. O resto ficou tudo igual.

Desculpem, há mais uma alteração. O motor 1.1 litros deu lugar a um mais musculado 1.3 litros. São mais 20 CV e prestações mais vivaças que o motor mais pequeno. Antes não fosse.

Mais rápido com… mais gasolina

Se no Colt 1.1 nos queixávamos da lentidão, especialmente em termos de velocidade e de recuperação da aceleração, com o motor 1.3 litros essas queixas deixam de fazer sentido. Os 90 CV são de boa cepa e permitem prestações bem mais condizentes com um estatuto de utilitário cheio de genica e ágil no trânsito. O peso inferior à tonelada ajuda nas emissões e no desempenho e por isso não espanta que o ClearTec chegue aos 180 km/h e acelere dos 0-100 km/h em pouco mais de 10 segundos, bem melhor que os 160 km/h e os mais de 12 segundos para o mesmo exercício.

Supostamente, as alterações feitas deveriam permitir que o Colt Clear Tec fosse mais económico. Acaba por ser mais amigo do ambiente, mas não é menos gastador.

Não só porque mais potência leva-nos a espremer mais o que há, mas também porque a única situação onde os consumos são mais comedidos é no tráfego citadino com a ajuda do “stop&start”. Nas outras situações, o Colt gasta mais que a versão 1.1, mas em contrapartida, o ganho em prestações compensa claramente o consumo extra.

Tudo por 15 mil euros

Coisa que não falta ao Colt é chassis. O eixo dianteiro é naturalmente subvirador, mas nada de preocupante e perfeitamente controlável. A travagem é equilibrada e a condução fácil, tranquila e segura.

Mas o melhor de tudo isto é que o Colt ClearTec custa apenas 15 mil euros. É verdade, cerca de 600 euros a mais que o 1.1 e com o mesmo equipamento. E se quiser ir mais além, opte pelo “pack Segurança que junta as cortinas laterais e o ESP, além dos discos de travão traseiros, por 750 euros.

Contas feitas, por menos de 16 mil euros, fica com um carro espaçoso, bem comportado, razoavelmente bem equipado e dentro da moda com preocupações ambientais. Um escolha a ter em conta, não acham?

Características técnicas

Motor – 4 cil. 16V; 1332 c.c.; Potência (CV/rpm) – 95/6000; Binário (Nm/rpm) – 125/4000; Transmissão – Dianteira, caixa manual 5 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Eixo de torção; Travões (fr./tr.) – Discos vent./Tambores; Comp./Larg./Alt. (mm) 3940/1695/1550; Dist. entre eixos (mm) 2500; Capacidade da mala (lt) 214; Peso (kg) 975; Velocidade Máxima (km/h) 180; Acel. 0-100 km/h (s) 10,6; Consumo médio (l/100 km) 5,0; Emissões CO2 (gr/km) 119 (Categoria B)

Preço 15.000 Euros

Mitsubishi Lancer Evo X MR – Impressionante!

IMG_1772Não há muitas palavras para descrever o Lancer Evolution X, seguramente, o melhor carro para se ligar dois pontos pela estrada mais retorcida que conseguirmos encontrar. Por isso o singelo… impressionante!

O Mitsubishi Lancer Evolution a direito não impressiona absolutamente nada, pois não vai além dos 242 km/h e parece sempre que vamos mais devagar do que na realidade. E com a caixa TC-SST as acelerações não parecem tão vigorosas como anteriormente. Confessamos que ficámos preocupados num primeiro momento com esta aparente falta de músculo. Até olhamos para a ficha técnica!

Mas lá estão os 295 CV e os 366 Nm de binário e toda a panóplia de tecnologia que faz deste Lancer um verdadeiro compêndio tecnológico. Mal sabíamos o que vinha a seguir… Mas já lá vamos, porque antes vamos olhar para o Lancer.

O estilo “jet-fighter” é bem interessante e com as vias mais largas que as versões de série, o Lancer ganha um torso musculado com os alargamentos das cavas das rodas à frente e atrás. Feito a régua e esquadro, o estilo do Lancer ganha com estes esteróides… Com o sistema mãos-livres disponível nesta versão, olhamos lá para dentro. Espaço há até para quem vai atrás – não recomendamos se o condutor for daqueles nervosos e que não toma os calmantes a horas… – mas os olhos ficaram nos magníficos bancos Recaro colocados nos lugares da frente. Que até têm aquecimento e tudo!

Sentados neste verdadeiro banco de competição, ficámos surpreendidos pela magnífica posição de condução, pelo volante que nos cai nas mãos de forma perfeita e por todos os comandos estarem à mão. Quer dizer, pedais, volante e patilhas da caixa porque o resto… não interessa nada! Ah, podemos dizer que neste nível de equipamento tem direito a um sistema de navegação topo de gama e um sistema de som Rockford Fosgate ao melhor estilo “tuning”. Mas de qualidade, garantimos! Vamos lá então ao que interessa.

Comportamento alucinante

Faltou dizer que o Evolution tem uma bagageira simpática com 323 litros. Sei que não interessa para nada, mas pode haver algum chefe de família ou “maluquinho” dos números que queira saber.

Colocado o motor em marcha colocamos de imediato a caixa no modo manual e posição Sport. Não impressiona e depois de já ter conduzido outros sistemas semelhantes percebemos porque razão a versão com caixa manual de 5 velocidades é mais rápida do 0-100 km/h cerca de 0,9 segundos.

Partimos para o habitual percurso de testes e colocamos o sistema no modo SuperSport deixando o ESP ligado. E meus amigos, aqui a coisa ficou muuuuito mais interessante. Com um centro de gravidade baixo e pneus Dunlop que depois de quentes são verdadeiras lapas, o Lancer Evolution é um verdadeiro demónio!

A frente insere-se de forma perfeita, não foge se exagerarmos na velocidade de entrada e como o sistema de transmissão coloca mais potência nas rodas traseiras, tudo se faz com uma simplicidade alucinante. E como a electrónica faz milagres, todos os excessos – excepto os das leis da física – são perdoados.

Depois desligamos as ajudas electrónicas e a partir daqui, as coisas ficam muito mais sérias. As saídas de traseira são mais frequentes e há que acelerar vigorosamente e sem medo para evitar que a traseira ganhe mais vida que o desejável. Continuamos a andar muito rápido em curva, mas requer o dobro da atenção e do trabalho para evitar fazer parte do cenário.

Voltámos às ajudas electrónicas e regalámo-nos com o comportamento do Lancer Evolution em curva. Tanto que acabámos sem gasolina e tivemos de receber ajuda para ir buscar uns litros que permitissem chegar à bomba para atestar. Isto porque a média anunciada só mesmo se andarmos a 50 km/h e para ficar entre os 10 e os 12 litros, só com muito controlo. Mas em ritmo de ataque não menos de 20 litros de gasolina sem chumbo de 98 octanas são necessários. E assim o Lancer não dura mais que 220 quilómetros…

Os 62.400 euros pedidos são exagerados é verdade, mas perante tanta tecnologia e tanto prazer de condução… ficamos na dúvida.

Características técnicas

Motor – 4 cil.; 16V; 1998 c.c.; turbo c/intercooler; Potência (CV/rpm) – 295/6500; Binário (Nm/rpm) – 366/3500; Transmissão – Integral, caixa seq. aut. 6 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, MacPherson c/barra estabilizadora/Independente, multibraços e barra estabilizadora; Travões (fr./tr.) – Discos vent.; Comp./Larg./Alt. (mm) – 4580/1782/1375; Dist. entre eixos (mm) – 2650; Capacidade da mala (lt) 323; Peso (kg) 1590; Velocidade Máxima (km/h) 242; Acel. 0-100 km/h (s) 6,3; Consumo médio (l/100 km) 9,7; Emissões CO2 (gr/km) 232 (Categoria E)

Preço 62.400 euros