Toyota Urban Cruiser 1.33 VVTi – Ser diferente

uropenA ideia é oferecer um monovolume compacto, mas na Toyota nem tudo é assim tão linear e ser diferente faz parte da maneira de estar da marca. Ora assim sendo, decidiram criar uma espécie de Corolla mais alto com estilo a dar para o SUV mas com alma de monovolume. Confusos?

E se lhe dissermos que este Toyota tem um motor a gasolina, ficará ainda mais espantado. É verdade, o Urban Cruiser – aqui na versão de apenas duas rodas motrizes – é uma espécie de “crossover” que percorre transversalmente o segmento dos utilitários, dos monovolumes compactos e dos mini-SUV.

Abaixo dos quatro metros de comprimento, o Urban Cruiser é compacto e adaptado ao tráfego citadino sem dificuldades em aventurar-se fora da cidade. Esta compacidade de formas permite-lhe a referida agilidade, prejudicando um pouco as formas. É que para ser transversal a todos aqueles segmentos, há a necessidade de não descurar a habitabilidade e a capacidade da mala. Dai que resultou uma carroçaria onde se percebe que alguns pormenores foram resolvidos já tarde no projecto, como os enormes pilares traseiros que prejudicam a visibilidade e que poderiam muito bem ter recebido uns vidros de custódia. O resto é um estilo típico do construtor japonês: músculo e inclinações que sugerem movimento, num conjunto difícil de qualificar. Fica aqui a “vox populi”: “olha que giro!”, “que carro estranho”, “é pá mais um monovolume com frente!”, “olha que fofo”, “muita giro pá!”.

Habitabilidade suficiente

Regressando à habitabilidade e à capacidade da mala, o Urban Cruiser não é dos mais fornecidos. Também não se podem esperar milagres: é maior que um compacto do segmento B, claramente, mas fica longe de modelos como o C3 Picasso, limitando-se a levar cinco pessoas com o mínimo de conforto. E se o quinto for maior nas formas, a coisa complica-se sobremaneira. O espaço para arrumar as pernas também não é dos mais generosos, mas ainda assim, como já referimos, é melhor que um compacto do segmento B.

Na bagageira, o facto do banco traseiro deslocar-se sobre calhas permite aumentar o espaço para as malas com a consequente redução do espaço para as pernas. Um jogo que num carro com menos de 4 metros não adianta muito à versatilidade pois a escolha será sempre entre passageiros ou malas. As cifras não são esmagadoras, pois o Urban Cruiser na configuração dita normal tem 295 litros de capacidade (quase 100 litros a menos que a média dos monovolumes compactos), sobe para os 388 litros quando avançamos o banco e culimna nos 1010 litros se rebatermos os bancos traseiros. Que não conseguem formar um piso totalmente plano.

Menor versatilidade

Olhando ao capítulo da versatilidade, o Urban Cruiser não dispensa os muitos espaços para arrumação mas, curiosamente, não está muito bem servido desses espaços na consola central, pois há apenas um lugar para colocar a tralha por baixo dos comandos do ar condicionado. Falando da qualidade, voltamos a sentir um ligeiro recuar da marca japonesa em termos de materiais, com plásticos mais rijos e de aspecto menos sólido, um pouco à imagem do sucedido com o Auris e com o Avensis. Não quer isto dizer que o Urban Cruiser é mal construído; sólido e bem montado, este Toyota apenas recuou em termos de qualidade perceptível, pois a verdadeira continua bem presente.

Quanto ao equipamento, o Toyota Urban Cruiser é equilibrado, pois apesar de custar mais de 20 mil euros e denotar a falta de airbags laterais atrás, sensores de estacionamento, sensores de chuva e luz, oferece de série o ESP e o controlo de tracção, os espelhos eléctricos exteriores e toda a habitual panóplia de equipamento, incluindo o ar condicionado e todos os items de segurança que hoje são obrigatórios.

Motor a gasolina

Pode parecer descabido propor um carro destes com motor a gasolina. Não seja precipitado! O bloco de 4 cilindros com 1.3 litros do Urban Cruiser é muito interessante, não só porque possui a variação do tempo de abertura das válvulas, o que lhe confere uma maior capacidade de suportar baixos regimes sem perder a compostura (embora claramente ande melhor nos médios e elevados regimes) e está equipado com sistema “stop&Start” que permite reduzir o consumo e as emissões de CO2. Na teoria, pois como já explicámos aqui no CAR BLOG (ver ensaio do Kia C’eed ISG) este sistema só funciona se o usarmos muito na cidade. O Urban Cruiser é para ser usado muito na cidade e ai tem claras vantagens.

Por isso mesmo é que pode mostrar uma média de consumo de apenas 5,5 litros (não fomos capazes no mundo real de fazer menos de 6,9 litros por cada 100 quilómetros, ainda assim muito bom) e emissões de CO2 de apenas 129 g/km. Valores interessantes e que nos fazem olhar para este Urban Cruiser com outros olhos. Até porque tem caixa de seis velocidades, um luxo para um motor a gasolina de 1.3 litros. Pronto, é verdade que a sexta marcha só está lá para aliviar o motor e conseguir em auto-estrada baixar – e de que maneira – os consumos. Em cidade, esqueçam que existe uma sexta velocidade…

Em termos dinâmicos, o Urban Cruiser é um Toyota. Que quer isto dizer? Eficaz q.b., sem dar nas vistas, confortável e agradável de conduzir, com uma direcção que como todas as outras comunica pouco com o condutor (assistência eléctrica oblige!), boa travagem e um pisar sólido. Não é um carro emotivo, é um carro prático, funcional e eficaz. Além de robusto e fiável.

O preço final de 20 235 euros não é dos mais simpáticos. À primeira vista. Porém, olhando às qualidades e ao equipamento disponível, acaba por ser um valor justo e que se enquadra naquilo que é o segmento, adicionando as características específicas do Urban Cruiser. É que se assim não fosse, este Toyota seria muito caro. Assim, até vale a pena.

Características técnicas

Motor – 4 cil. 16V; 1329 c.c.; injecção electrónica multiponto; Potência (CV/rpm) – 101/6000; Binário (Nm/rpm) – 132/3800; Transmissão – Dianteira, caixa manual 6 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Eixo de torção; Travões (fr./tr.) – Discos vent./Discos; Comp./Larg./Alt. (mm) – 3930/1725/1525; Dist. entre eixos (mm) – 2460; Capacidade da mala (lt) – 295-388-1010; Peso (kg) – 1329; Velocidade Máxima (km/h) – 175; Acel. 0-100 km/h (s) – 12,5; Consumo médio (l/100 km) – 5,5; Emissões CO2 (gr/km) – 129 (Categoria B); Preço – 20.235 Euros

Dodge Journey 2.0 CRD – American way of MPV

IMG_0880Este Dodge respira o “american way of life” mas pisca o olho aos europeus com muito espaço interior, um equipamento interessante e sete lugares que dão sempre muito jeito. Pena que os vícios americanos, como o consumo elevado e a menor qualidade de alguns plásticos também se tenham reunido.

O Journey é uma mistura de conceitos, pelo que o nomeamos um “crossover”. Olhando despretensiosamente, é uma carrinha com ares de SUV e habitabilidade de monovolume e uma frente que mais faz lembrar os “trucks” ou pick-ups norte-americanas. Bonito ou feio, cada um dirá, mas que a sua imponência e aquela frente não deixam de impressionar, lá isso é verdade.

O seu tamanho – é do mesmo gabarito de um Audi A6! – impõe algum respeito e obriga a redobrados cuidados nas manobras em parques de estacionamento subterrâneos e nas garagens, pois a frente dificilmente é visível do lugar do condutor e atrás, os extremos ficam muito para lá daquilo que pensamos. Nesta altura está a chamar-nos burros, pois o carro terá sensores de estacionamento. Pois é, mas isso é coisa que nem mesmo como opcional a Dodge propõe para o Journey, pelo que não se admire se começar a ver os cantos dos pára-choques roçados e sem tinta… Então nos estacionamentos com acesso mais apertado, vai ver o festival de toques!

Qualidade abaixo do esperado

Esta unidade tinha o equipamento mais rico, o R/T e se não há sensores de estacionamento, timos direito às rodas maiores e a algumas mordomias no interior. Mas terminando de falar do exterior, referência para uma qualidade de montagem não muito boa, visível nos pára-choques e em algumas zonas da carroçaria com folgas pronunciadas. E nos pisos mais degradados, os ruídos parasitas vindos da estrutura são bem audíveis.

Olhando lá para dentro, voltamos a imaginar-nos nas planícies do Texas cruzando uma qualquer língua de asfalto. O espaço é enorme e ficamos sentados em verdadeiros sofás, com um massivo painel de instrumentos que possui botões para tudo e mais alguma coisa… Não fosse a alavanca da caixa de velocidades manual e a imaginação iria até aos barrigudos americanos com o braço de fora e uma mão no volante, a bebericar Coca Cola Light (sim, que hambúrgueres cheio de gorduras às dúzias, mas a Coca Cola deve ser dietética senão faz mal…) e a ouvir música “country”.

Voltando à terra, temos de dizer que a qualidade dos materiais não é a melhor, com plásticos duros que se queixam muito quando o piso é mais irregular. O estilo não é particularmente cativante, mas a verdade é que tudo está à mão e o sistema de som é uma verdadeira delícia em termos de qualidade.

Como já referimos, vamos muito bem sentados em verdadeiras poltronas e o volante está razoavelmente bem situado para permitir uma condução agradável e o perfeito domínio do Journey. Pena que o pedal de embraiagem vá tão fundo, obrigando a alguma ginástica. Coisas que acontecem a carros pensados para ter caixa automática…

Se o espaço à frente é muito, atrás a situação é exactamente a mesma. Isto porque a segunda fila de bancos tem três lugares individuais e a terceira fila, dois assentos separados que se rebatem facilmente. Ai ainda não se tinha apercebido que o Journey tem sete lugares?! Pois é verdade, são sete lugares com algum espaço para os dois últimos colocados na bagageira, muita versatilidade conferida pelas múltiplas regulações dos bancos da fila do meio (deslocam-se em calhas, rebatem, dobram-se, etc.) e espaço, muito espaço. E para que ninguém refile das escolhas do condutor, a Dodge colocou no Journey um compressor extra no ar condicionado para que quem segue nas duas filas atrás do condutor possa escolher a temperatura que mais lhe convém. E até os comandos áudio estão duplicados…

Outra coisa onde não há queixas é nos espaços de arrumação: há muitos locais onde arrumar garrafas, CD’s, livros, mapas e demais tralha e para que ninguém se queixe, há ainda alçapões no piso à frente da segunda fila de bancos.

Pelo contrário, a bagageira fica sem espaço quando utilizamos os sete lugares, resumindo-se a meros 33 litros que são tapados por uma espécie de chapeleira que se agarra às laterais do Journey através de elásticos. Ou seja, não tapa nada!

Quando rebatemos os dois bancos colocados na bagageira, então passamos a usufruir de uma verdadeira caverna com 783 litros que se pode estender a massivos 1615 litros. Mas não se entusiasme muito, pois se quiser deixar algo lá dentro fica tudo à mostra de olhares indiscretos. É pena.

Motor alemão

Para europeu ver, a Dodge guardou os motores mais espalhafatosos a gasolina para o mercado americano e pediu emprestado à VW o motor 2.0 litros injector-bomba acoplado à caixa de seis velocidades, que debita 140 CV. Olhando ao peso que o Journey acusa na báscula, 1,9 toneladas, a potência não parece ser muita apesar do binário de 310 Nm e da tradicional disponibilidade do bloco alemão.

Na prática, essa vivacidade (que como também é tradicional, acaba rapidamente) não é tão evidente e é fácil colocar o propulsor em apuros: encha o Journey com sete pessoas, carregue o tejadilho com mais uns 50 quilogramas e faça a subida de Fátima na auto-estrada do Norte. Até porque em termos aerodinâmicos o Dodge não é brilhante. Numa utilização mais familiar, ou seja, cinco passageiros e respectiva bagagem, o Journey até cumpre a sua função e o motor VW ajuda nessa tarefa, mas as prestações não saem da mediania.

É evidente que se espera vivacidade como num Golf ou num A3, esqueça. Porém, a dinâmica não é muito prejudicada naquelas condições. Mais prejudicial é mesmo a suspensão afinada à americana, ou seja, suavezinha para que todos possam adormecer. O que é óptimo para estradas tipo mesa de bilhar, menos bom quando começam a surgir os primeiros buracos e péssimo quando o piso é mau. E como piso mau por cá é coisa que não falta…

Ou seja, o Journey é um carro que não serve para quem tem ambições de ter um familiar desportivo, pois curvar depressa é coisa que não é possível de fazer com este Dodge, ainda por cima equipado com pneus que não inspiram muita confiança.

A travagem está em bom nível e a direcção é tipicamente americana, ou seja, muito assistida, filtrada e com alguma folga no ponto intermédio. Obviamente que perante uma suspensão tão suave, o conforto está num bom nível.

Os problemas colocam-se quando olhamos para os custos. O Journey gasta um bocadinho – falamos de médias a rondar os 10 litros quando rodamos com lotação esgotada, menos que isso quando a carga é menor – paga classe 2 nas portagens e na altura de comprar custa, na versão ensaiada, 33 mil euros. Valor que pode ser considerado razoável, mas olhando á concorrência e a sua valia, é capaz de criar alguma indecisão. Mesmo entre aqueles seduzidos pelo “american way of live” do Dodge Journey.

Características técnicas

Motor 4 cil. 16V; 1968 c.c.; tubo, injector-bomba

Potência (CV/rpm) 140/4000

Binário (Nm/rpm) 310/1750-2500

Transmissão Dianteira, caixa manual 6 vel.

Suspensão (fr./tr.) Independente, McPherson/Multibraços

Travões (fr./tr.) Discos vent.

Comp./Larg./Alt. (mm) 4880/1830/1,670

Dist. entre eixos (mm) 2890

Capacidade da mala (lt) 155/783/1615

Peso (kg) 1895

Velocidade Máxima (km/h) 188

Acel. 0-100 km/h (s) 11,6

Consumo médio (l/100 km) 6,5

Emissões CO2 (gr/km) 171 (Categoria D)

Preço versão base 33.000 Euros

Preço versão ensaiada 33.000 Euros

Peugeot 3008 à venda dia 30 de Maio

3008_webO Peugeot 3008 – que já mostrámos aqui no CAR BLOG (ver categorias: Novidades) – irá iniciar a sua comercialização no próximo fim-de-semana, dias 30 e 31 de Maio. O novo “crossover” da marca de Sochaux estará equipado com motores a gasolina e diesel, com cilindradas entre os 1.6 e 2.0 litros. As variantes 3008 1.6 120 começam nos 22.990 euros e o 3008 1.6 THP 150 inicia-se nos 29.150 euros. As versoes turbodiesel HDI 1.6 110 cv e HDI 2.0 150 cv começam, respectivamente, nos  25.890 e 36.990 euros, respectivamente.

Brevemente poderá ler no seu CAR BLOG o ensaio a este novo modelo da Peugeot.