A ideia é oferecer um monovolume compacto, mas na Toyota nem tudo é assim tão linear e ser diferente faz parte da maneira de estar da marca. Ora assim sendo, decidiram criar uma espécie de Corolla mais alto com estilo a dar para o SUV mas com alma de monovolume. Confusos?
E se lhe dissermos que este Toyota tem um motor a gasolina, ficará ainda mais espantado. É verdade, o Urban Cruiser – aqui na versão de apenas duas rodas motrizes – é uma espécie de “crossover” que percorre transversalmente o segmento dos utilitários, dos monovolumes compactos e dos mini-SUV.
Abaixo dos quatro metros de comprimento, o Urban Cruiser é compacto e adaptado ao tráfego citadino sem dificuldades em aventurar-se fora da cidade. Esta compacidade de formas permite-lhe a referida agilidade, prejudicando um pouco as formas. É que para ser transversal a todos aqueles segmentos, há a necessidade de não descurar a habitabilidade e a capacidade da mala. Dai que resultou uma carroçaria onde se percebe que alguns pormenores foram resolvidos já tarde no projecto, como os enormes pilares traseiros que prejudicam a visibilidade e que poderiam muito bem ter recebido uns vidros de custódia. O resto é um estilo típico do construtor japonês: músculo e inclinações que sugerem movimento, num conjunto difícil de qualificar. Fica aqui a “vox populi”: “olha que giro!”, “que carro estranho”, “é pá mais um monovolume com frente!”, “olha que fofo”, “muita giro pá!”.
Habitabilidade suficiente
Regressando à habitabilidade e à capacidade da mala, o Urban Cruiser não é dos mais fornecidos. Também não se podem esperar milagres: é maior que um compacto do segmento B, claramente, mas fica longe de modelos como o C3 Picasso, limitando-se a levar cinco pessoas com o mínimo de conforto. E se o quinto for maior nas formas, a coisa complica-se sobremaneira. O espaço para arrumar as pernas também não é dos mais generosos, mas ainda assim, como já referimos, é melhor que um compacto do segmento B.
Na bagageira, o facto do banco traseiro deslocar-se sobre calhas permite aumentar o espaço para as malas com a consequente redução do espaço para as pernas. Um jogo que num carro com menos de 4 metros não adianta muito à versatilidade pois a escolha será sempre entre passageiros ou malas. As cifras não são esmagadoras, pois o Urban Cruiser na configuração dita normal tem 295 litros de capacidade (quase 100 litros a menos que a média dos monovolumes compactos), sobe para os 388 litros quando avançamos o banco e culimna nos 1010 litros se rebatermos os bancos traseiros. Que não conseguem formar um piso totalmente plano.
Menor versatilidade
Olhando ao capítulo da versatilidade, o Urban Cruiser não dispensa os muitos espaços para arrumação mas, curiosamente, não está muito bem servido desses espaços na consola central, pois há apenas um lugar para colocar a tralha por baixo dos comandos do ar condicionado. Falando da qualidade, voltamos a sentir um ligeiro recuar da marca japonesa em termos de materiais, com plásticos mais rijos e de aspecto menos sólido, um pouco à imagem do sucedido com o Auris e com o Avensis. Não quer isto dizer que o Urban Cruiser é mal construído; sólido e bem montado, este Toyota apenas recuou em termos de qualidade perceptível, pois a verdadeira continua bem presente.
Quanto ao equipamento, o Toyota Urban Cruiser é equilibrado, pois apesar de custar mais de 20 mil euros e denotar a falta de airbags laterais atrás, sensores de estacionamento, sensores de chuva e luz, oferece de série o ESP e o controlo de tracção, os espelhos eléctricos exteriores e toda a habitual panóplia de equipamento, incluindo o ar condicionado e todos os items de segurança que hoje são obrigatórios.
Motor a gasolina
Pode parecer descabido propor um carro destes com motor a gasolina. Não seja precipitado! O bloco de 4 cilindros com 1.3 litros do Urban Cruiser é muito interessante, não só porque possui a variação do tempo de abertura das válvulas, o que lhe confere uma maior capacidade de suportar baixos regimes sem perder a compostura (embora claramente ande melhor nos médios e elevados regimes) e está equipado com sistema “stop&Start” que permite reduzir o consumo e as emissões de CO2. Na teoria, pois como já explicámos aqui no CAR BLOG (ver ensaio do Kia C’eed ISG) este sistema só funciona se o usarmos muito na cidade. O Urban Cruiser é para ser usado muito na cidade e ai tem claras vantagens.
Por isso mesmo é que pode mostrar uma média de consumo de apenas 5,5 litros (não fomos capazes no mundo real de fazer menos de 6,9 litros por cada 100 quilómetros, ainda assim muito bom) e emissões de CO2 de apenas 129 g/km. Valores interessantes e que nos fazem olhar para este Urban Cruiser com outros olhos. Até porque tem caixa de seis velocidades, um luxo para um motor a gasolina de 1.3 litros. Pronto, é verdade que a sexta marcha só está lá para aliviar o motor e conseguir em auto-estrada baixar – e de que maneira – os consumos. Em cidade, esqueçam que existe uma sexta velocidade…
Em termos dinâmicos, o Urban Cruiser é um Toyota. Que quer isto dizer? Eficaz q.b., sem dar nas vistas, confortável e agradável de conduzir, com uma direcção que como todas as outras comunica pouco com o condutor (assistência eléctrica oblige!), boa travagem e um pisar sólido. Não é um carro emotivo, é um carro prático, funcional e eficaz. Além de robusto e fiável.
O preço final de 20 235 euros não é dos mais simpáticos. À primeira vista. Porém, olhando às qualidades e ao equipamento disponível, acaba por ser um valor justo e que se enquadra naquilo que é o segmento, adicionando as características específicas do Urban Cruiser. É que se assim não fosse, este Toyota seria muito caro. Assim, até vale a pena.
Características técnicas
Motor – 4 cil. 16V; 1329 c.c.; injecção electrónica multiponto; Potência (CV/rpm) – 101/6000; Binário (Nm/rpm) – 132/3800; Transmissão – Dianteira, caixa manual 6 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, McPherson/Eixo de torção; Travões (fr./tr.) – Discos vent./Discos; Comp./Larg./Alt. (mm) – 3930/1725/1525; Dist. entre eixos (mm) – 2460; Capacidade da mala (lt) – 295-388-1010; Peso (kg) – 1329; Velocidade Máxima (km/h) – 175; Acel. 0-100 km/h (s) – 12,5; Consumo médio (l/100 km) – 5,5; Emissões CO2 (gr/km) – 129 (Categoria B); Preço – 20.235 Euros
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